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Covid19

Reprocessamento de máscara N95 e outros respiradores faciais

DRG Brasil
Postado em 27 de abril de 2020 - Atualizado em 17 de fevereiro de 2021

O correto gerenciamento de recursos nesse momento, como a máscara n95, é de suma importância para o combate à pandemia.

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Ouça o podcast: Dr. Renato Couto ensina a forma correta de escolher, usar e reprocessar a máscara N95 e outros respiradores faciais:

Autores: Dayanne Chaves Ferreira Correa, Walter Frois, Renato Couto, Tania Grillo

Os respiradores reprocessados só serão disponibilizados se não houver respiradores novos.

As máscaras usadas devem ser estocadas para posterior disponibilização para reprocessamento caso seja necessário

1. OBJETIVO

Respiradores tipo Peça Facial Filtrante (PFFs) tais como N95, PFF2, KN95, e similares são dispositivos comumente utilizados para oferecer proteção respiratória em diversos ambientes de trabalho, inclusive instalações de cuidados à saúde, pois limitam a propagação de doenças infecciosas transmitidas com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3μ. Uma prática comumente empregada pelas organizações de cuidados à saúde na prevenção de contaminações é o uso de PFFs como item descartável (uso único) na presença de pacientes infectados 1.

Em face de uma pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (COVID – 19) e da escassez global de PFFs ocasionada por ela buscou-se elaborar o protocolo de descontaminação e reutilização desses respiradores.

2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO

Unidades assistenciais e de apoio aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (sars-cov-2).

3. PREPARAÇÃO

  • Esterilizador por gás de peróxido de hidrogênio
  • Embalagem Tyveck
  • Caneta de marcação permanente
  • Respiradores tipo Peça Facial Filtrante (PFFs)
  • Saco plástico
  • Caixa Plástica rígida com tampa

4. DESCRIÇÃO

A doença associada ao novo Coronavírus, denominada COVID-19 (em inglês, CoronaVirus Disease 2019), é causada pelo vírus SARS-CoV-2 (em inglês, Severe Acute Respiratory Syndrome, CoronaVirus 2). A via de transmissão do novo coronavírus de pessoa a pessoa ocorre por via respiratória ou contato. O vírus permanece viável e infeccioso em aerossol por horas e em superfícies por dias, o que indica a plausibilidade de transmissão por gotículas e fômites, além de aerossol 2,3.

O uso das máscaras de proteção respiratória tem eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3μ (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3) e, é recomendado nos procedimentos produtores de aerossóis (intubação traqueal, ventilação não invasiva, traqueostomia, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual, antes da intubação, coletas de secreções nasotraqueais e broncoscopias) 2,3.

Em uma pandemia pode ocorrer a falta crítica de equipamentos de proteção individual, incluindo os respiradores tipo Peça Facial Filtrante.

Sabe-se que tentativas de descontaminação, ou seja, processo com intenção de remoção física, química ou mecânica de elementos contaminantes de forma a permitir o reuso das máscaras por deixá-las inócuas e seguras, incluindo processos de desinfecção ou de esterilização poderão ser praticadas por instituições de saúde em condições de crise, com base em evidências científicas 4.

O protocolo em curso trata-se desse processo utilizando o sistema de esterilização por gás plasma de peróxido de hidrogênio, através do equipamento Sterrad (100 NX). De acordo com a ASP, o tratamento com doses mais baixas de plasma a gás não reduz a eficiência do filtro dos respiradores. Já altas doses reduz a eficiência dos filtros dos respiradores a um nível inaceitável 5.

INSTRUÇÕES PARA DESCONTAMINAÇÃO DOS RESPIRADORES:

  • Os respiradores (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3) serão liberados, individualmente, aos colaboradores que prestam assistência aos casos suspeitos ou confirmados e que realizam procedimentos produtores de aerossóis, no início do plantão;
  • Ao final da jornada diária de trabalho, o colaborador descartará o respirador tipo Peça Facial Filtrante (PFFs) no depósito apropriado disponível nas áreas de desparamentação;

Especificação do depósito local:

  • Container rígido, de plástico, leve, com tampa acoplada e de preferência com roda. Após ser tampado se torna o depósito de N95 para encaminhamento ao reprocessamento.  Características: material plástico rígido, boca larga com tampa. Deve ser trocado quando completar 2/3 de sua capacidade. Limpeza e desinfecção do container: Trabalhador com óculos, máscara cirúrgica, capote impermeável e bota procedera limpeza com água e sabão seguida de desinfecção do depósito com quaternário de amônia.
  • O colaborador do CME dirigirá às áreas de desparamentação das unidades assistenciais que utilizam os respiradores faciais diariamente, pela manhã, para proceder com a coleta dos containers com respiradores descartados. O colaborador deverá utilizar máscara facial cirúrgica, óculos de proteção, avental impermeável e luvas de procedimento para realizar o recolhimento dos containers;
  • No Centro de Material e Esterilização, o colaborador paramentado realizará avaliação e inspeção de cada respirador coletado quanto à presença de sangue e sujidade visível, cabelos, umidade e danos estruturais (integridade física) do produto como por exemplos respiradores rasgados e amassados, descoloração, presença visível de cosméticos (maquiagem). Na presença dos achados descritos o respirador será descartado e não será encaminhado ao processo de descontaminação;
  • O respirador inspecionado e passível de descontaminação será identificado, pelo colaborador do CME, com auxílio da caneta de marcação permanente, com os números 1 referindo-se ao primeiro processo de descontaminação, 2 ao segundo processo de descontaminação e assim sucessivamente;
  • O colaborador do CME, devidamente paramentado (luva de procedimento, máscara cirúrgica, óculos de proteção), acondicionará o respirador na embalagem tyvek individualmente
  • Encaminhará o respirador preparado ao equipamento de esterilização por gás peróxido de hidrogênio
  • Cada unidade deve:
  • Definir se o equipamento possui capacidade de reprocessar N95
  • Definir o ciclo.
  • Definir a carga por ciclo.
  • Definir a capacidade operacional de 24 horas, de acordo com especificação.
  • Todo ciclo deverá conter integrador químico para validação do processo. O primeiro ciclo do dia do esterilizador deverá conter indicador biológico para validação, e o material somente será liberado após a emissão dos resultados (24 horas);
  • Ao final do ciclo, o colaborador do CME realizará a rotulagem do produto anexando a etiqueta de identificação de ciclo e lote para fins de rastreabilidade do processo de esterilização.
  • O produto será direcionado ao arsenal do CME e será acomodado em caixa plástica rígida transparente com tampa até proceder com a entrega;
  • Diariamente, o colaborador do CME escalado no arsenal procederá com a devolução do respirador reprocessado às unidades assistenciais;
  • Após o reprocessamento, nas unidades assistenciais, deve-se avaliar as faixas elásticas (avaliar alongamento), a ponte nasal e a espuma nasal quanto à integridade, o que pode afetar a qualidade do ajuste e vedação, portanto a eficácia do respirador. Diante de uma não conformidade dos requisitos listados acima, o respirador deverá ser descartado.

Teste de encaixe – “fit test”

  • Onde: Deve ser realizado na CME
  • Quem: Segurança e medicina do trabalho
  • Como: No lote com maior número de ciclos é realizado o “fit test”.
  • Deve ser realizado o “fit test” em amostra de cada modelo de máscara para avaliar se a vedação da máscara foi mantida.
  • O “Tester” é caso e controle do teste. A pessoa que realiza o “fit test” em máscara descontaminada deve ter passado pelo mesmo teste em máscara do mesmo modelo nova.
  • Se nesta amostra o teste mostrar vedação todas as máscaras do modelo testado com número de ciclos menor ou igual aquele testado, elas estarão liberadas para uso pelo trabalhador.
  • O “fit-test” qualitativo é um método que usa o paladar ou olfato ou reação a um irritante para detectar vazamentos no respirador. Existem quatro métodos de teste de ajuste qualitativo aceitos pela OSHA:      
  1. - Acetato de isoamil, que cheira a bananas;     
  2. - Sacarina, que deixa um sabor doce na boca;     
  3. - Bitrex, que deixa um gosto amargo na boca; e     
  4. - Fumaça irritante, que pode causar tosse.
  5. Os kits para teste qualitativo são vendidos no Brasil.

Vídeos mostrando “fit-test”:

Capacitação para profissionais que vão receber a N95 descontaminada

Os profissionais de saúde devem tomar as seguintes medidas de precaução antes de usar uma N95 descontaminada:

  • Antes de iniciar a utilização, o usuário deverá proceder com a abertura da embalagem tyvek por 60 minutos para aeração, o que permite a saída de gases de peróxido de hidrogênio residual.
  • Limpe as mãos com água e sabão ou um desinfetante para as mãos à base de álcool antes e depois de tocar ou ajustar a máscara.
  • Evite tocar no interior da máscara.
  • Inspecione visualmente a máscara para determinar se sua integridade foi comprometida.
  • Verifique se componentes como elástico, ponte nasal e material de espuma nasal não se degradaram, o que pode afetar a qualidade do ajuste e a vedação.
  • Se a integridade de qualquer parte da máscara estiver comprometida, ou se a máscara não estiver com vedação adequada em teste de vedação do usuário, descarte a máscara.
  • Ao vestir, o usuário deve realizar a verificação de vedação da máscara, caso a vedação completa não ocorra por dano estrutural da máscara, esta deve ser descartada de maneira definitiva.

Teste de vedação do usuário

Quando o respirador estiver colocado na face, coloque as mãos sobre a parte externo, cobrindo o máximo possível de superfície. Expire suavemente. Uma verificação bem-sucedida ocorre quando a máscara é levemente pressurizada antes que o aumento da pressão cause vazamento externo. Exemplos de vazamento seriam a sensação de movimento do ar em seu rosto ou embaçamento dos seus óculos de vidro. Se o respirador possuir uma válvula de expiração, executar uma verificação de pressão positiva é impossível. Nesses casos, uma verificação de pressão negativa deve ser realizada.

Se houver vazamento de ar ao redor do nariz, use as duas mãos para reajustar a peça nasal, colocando as pontas dos dedos na parte superior do clipe de metal. Deslize as pontas dos dedos para baixo dos dois lados da tira de metal para moldar com mais eficiência a área do nariz de acordo com o formato do nariz. Reajuste o elástico ao longo dos lados da cabeça até obter uma vedação adequada.

Vídeo mostrando colocação da N95 e teste de vedação do usuário:

Os seguintes modelos de mascaras devem ser priorizados para descontaminação

Por quê? A descontaminação de um respirador pode ser realizada com maior segurança quando informações do fabricante ou de terceiros estão disponíveis mostrando que os respiradores já foram descontaminados com sucesso sem afetar o seu desempenho.  Portanto, em situações onde a descontaminação se faz necessária esses modelos se disponíveis no hospital devem ter prioridade para descontaminação e uso.

5. REGISTROS

Etiqueta de identificação do produto reprocessado.

Protocolo de produção e Validação por ciclo do equipamento de esterilização

6. REFERÊNCIAS

  • U.S. Centers for Disease Control and Prevention, “Pandemic Planning: Recommended Guidance for Extended Use and Limited Reuse of N95 Filtering Facepiece Respirators in Healthcare Settings,” Março 2018, https://www.cdc.gov/niosh/topics/hcwcontrols/recommendedguidanceextuse.html
  • World Health Organization. Coronavirus disease (Covid-19) outbreak: rights, roles and responsibilities of health workers, including key considerations for occupational safety and health. World Heal Organ. 2020;(March):1-3. https://apps.who.int/iris/handle/10665/331510?show=full.
  • World Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) Pandemic. 2020. https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
  • Bahia. Secretaria da Saúde. Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde. Diretoria de Vigilância e Controle Sanitário. BRASIL. Manual de Biossegurança. Savador; 2001. doi:10.1590/S0101-73302001000200016
  • Bergman, M.S., et al. (2010). Evaluation of Multiple (3-Cycle) Decontamination Processing for Filtering  Facepiece Respirators. ​J Engineered Fibers and Fabrics, ​ 5(4), 33-41. 
  • Battelle (2020). FDA letter of approval (3/28/2020) for Emergency Use Authorization for the Battelle  Decontamination System, an HPV system for decontaminating N95  respirators.​https://www.battelle.org/inb/battelle-critical-care-decontamination-system-for-covid19
  • Dutch National Institute for Public Health and the Environment 03/20/2020 study Reuse of FFP2 masks. https://www.rivm.nl/sites/default/files/2020-03/Hergebruik%20mondkapjes%20Informatie%20ENG_ def.pdf 
  • CDC. Decontamination and Reuse of Filtering Facepiece Respirators. Disponivel em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/ppe-strategy/decontamination-reuse-respirators.html
  • OSHA. Transcript for the OSHA Training Video Entitled
    Respirator Fit Testing. Disponivel em: https://www.osha.gov/video/respiratory_protection/fittesting_transcript.html

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