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Influência da idade materna e das características hospitalares nas vias de nascimento

DRG Brasil
Postado em 4 de agosto de 2020 - Atualizado em 28 de setembro de 2023

Artigo elaborado pela comunidade acadêmica DRG Brasil conclui com a base de dados da plataforma, que idade materna elevada e fonte de financiamento influenciam nas vias de nascimento, que interferem no tempo de permanência hospitalar.

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, o perfil da assistência obstétrica passou por mudanças impulsionadas pelo avanço da tecnologia em saúde. A priori, o parto por via vaginal era o mais frequente. Entretanto, a partir do século XIX, com o avanço do modelo biomédico de assistência ao parto, o processo de parir passou a ser pautado em uma cultura intervencionista e, dentre estas intervenções, tornou-se frequente a via de nascimento cesariana.

O parto vaginal garante benefícios e menores riscos para a mãe e o bebê. A cesariana, por sua vez, pode ser indicada em casos de comorbidades maternas ou alterações fetais, tornando-se relevante para reduzir a morbimortalidade materna e neonatal.

No entanto, observa-se um aumento expressivo de nascimentos por esta via. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), taxas de partos cirúrgicos acima de 10,0% não estão relacionadas com a redução da morbimortalidade materna e neonatal, sendo o máximo aceitável de 15,0% para as gestantes de risco habitual e de 25,0% para as consideradas de alto risco. O Ministério da Saúde, por meio da portaria 306/2016, atualizou estas taxas conforme as características específicas da população brasileira, estabelecendo como máximo aceitável taxas de cesariana entre 25% a 30%.

Ainda com o aumento dos valores aceitáveis, a taxa de cesariana no Brasil permanece extremamente elevada, com 56%. Este valor se destaca dentre países que prestam assistência menos intervencionista, como Holanda e República Tcheca (14,0%) ou até mesmo em países como Canadá e Estados Unidos da América (EUA), cujas taxas são de 23,0% e 25,0%, respectivamente.

A escolha da via de nascimento pela mulher está relacionada com diferentes variáveis, como idade, escolaridade, renda, experiência de parto e cor/raça. Mulheres acima de 30 anos apresentam maiores índices de cesariana, assim como aquelas com maior escolaridade e renda. Há um gradiente na relação entre cor/ raça e as vias de nascimento, de modo que quanto mais clara a cor da pele, maior a taxa de cesáreas.

Experiências prévias positivas também levam a gestante a optar pela mesma via de nascimento. O tipo de instituição (pública ou privada) e a qualidade da assistência prestada durante o pré-natal também podem influenciar nesta escolha. Apesar de a maioria das mulheres iniciar o pré-natal com preferência pelo parto vaginal, há maiores taxas de nascimentos por via cesariana. Assim, questiona-se a autonomia da gestante na escolha da via de nascimento.

Estudo recente demonstrou que 52,7% das gestantes foram atendidas em estabelecimentos públicos e 47,3% pela saúde suplementar. Destas, observou-se proporções de cesarianas de 55,5% e 93,8%, respectivamente. A cesariana é compreendida pela maioria das gestantes como uma forma indolor, conveniente e melhor assistida de promover o nascimento. Entretanto, quando realizada sem indicações clínicas, pode levar a um maior risco de infecção puerperal, prematuridade e mortalidade neonatal, além de elevar o tempo de internação hospitalar.

Percebe-se assim, uma falha nas consultas pré-concepcionais e de pré-natal, que resulta na falta de informações sobre o parto e nascimento e no despreparo das gestantes. Estes aspectos podem contribuir para dúvidas e medos referentes ao parto e influenciar diretamente na escolha da via de nascimento.

Acesse, na plataforma Scielo, o artigo na íntegra para visualizar os métodos, resultados e conclusões do estudo:


Fonte:

Silva, Thales Philipe Rodrigues da, Pinheiro, Bruna Luiza Soares, Kitagawa, Karolina Yukari, Couto, Renato Camargo, Pedrosa, Tania Moreira Grillo, Simão, Delma Aurélia da Silva, & Matozinhos, Fernanda Penido. (2020). Influência da idade materna e das características hospitalares nas vias de nascimento. Revista Brasileira de Enfermagem, 73(Supl. 4), e20180955. Epub 31 de julho de 2020.https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0955

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