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Plataformas de saúde: o papel do ESG na luta contra o desperdício

DRG Brasil
Postado em 23 de outubro de 2024 - Atualizado em 31 de outubro de 2024

No contexto do setor de saúde, as plataformas digitais estão se consolidando como poderosas ferramentas para conectar diferentes atores e otimizar os processos. Mas o que torna uma plataforma de saúde realmente sustentável? Como o ESG (Environmental, Social, and Governance) pode ser uma força transformadora no combate ao desperdício e na entrega de saúde de qualidade para todos?

Este artigo explora como plataformas de saúde, quando integradas a práticas ESG, podem gerar valor ao setor, impulsionando a eficiência, reduzindo desperdícios e melhorando a experiência dos pacientes.


O que são plataformas de saúde?

Uma plataforma de saúde é um ambiente tecnológico que conecta diversos atores da cadeia de saúde — instituições, profissionais, operadoras, pacientes, entre outros — com o objetivo de gerar valor mútuo. No coração desse modelo está a ideia de conexão e colaboração.

Plataformas como Uber e iFood, por exemplo, conectam diferentes necessidades e ofertas de maneira rápida e eficiente. O mesmo princípio pode ser aplicado ao setor de saúde. No entanto, no caso da saúde, a plataforma vai além de uma simples transação de serviços. Ela atua como um elo fundamental para integrar dados, facilitar a comunicação e promover a eficiência assistencial.

Um exemplo prático é a plataforma Valor Saúde Brasil, que reúne um ecossistema dedicado a otimizar o uso de recursos, melhorar a qualidade dos cuidados e combater o desperdício no sistema de saúde brasileiro. Alguns dos principais aliados na entrega de valor são:

  • Operadoras do sistema de saúde privado e do SUS
  • Prestadores de serviços de saúde
  • Organizações que oferecem benefícios de saúde
  • Consultorias e empresas de tecnologia
  • Instituições de ensino
  • Federações e associações

O desafio do desperdício no setor de saúde

O desperdício no setor de saúde é um dos maiores desafios enfrentados globalmente. De acordo com o livro A Revolução Silenciosa da Saúde no Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 20% e 40% dos gastos com saúde são desperdiçados, o que impacta tanto os pacientes, com desfechos clínicos aquém do esperado, quanto a experiência deles no sistema de saúde.

No Brasil, o cenário preocupa. Para se ter uma ideia, a publicação aponta que, na saúde suplementar, o desperdício em virtude da insegurança assistencial hospitalar pode atingir o patamar de 10,6 bilhões de reais.

Os hospitais, que representam aproximadamente 50% dos orçamentos de saúde, são elementos chave nesse panorama. A ineficiência prejudica a capacidade de atender mais pacientes, já que os recursos poderiam ser melhor empregados. Melhorar a eficiência, portanto, torna-se uma prioridade política, especialmente em sistemas com escassez de recursos.

Nos Estados Unidos, o desperdício atinge proporções exorbitantes. Segundo uma revisão publicada em 2019 pelo JAMA Network, falhas na entrega do cuidado, coordenação inadequada e tratamentos desnecessários levam a um custo anual entre US$ 760 bilhões e US$ 935 bilhões​. Isso representa um potencial de redução de desperdício de 25%, economizando de US$ 191 bilhões a US$ 286 bilhões.

Plataformas de saúde, como o Valor Saúde Brasil powered by DRG Brasil + Inteligência Artificial, desempenham um papel crucial ao permitir que instituições identifiquem e combatam esses desperdícios, seja através da análise de dados sobre tempo de permanência, reinternações não planejadas ou condições adquiridas durante a hospitalização.

Essas plataformas utilizam IA e análises preditivas para ajudar as instituições a tomarem decisões informadas, baseadas em dados reais, e implementar melhorias contínuas.

Valor em saúde: uma abordagem necessária

O conceito de valor em saúde baseia-se na relação entre os resultados em saúde que importam para os pacientes e o custo necessário para alcançá-los. Em outras palavras, quanto maior o valor em saúde, menor o desperdício.

Essa abordagem pode ser desmembrada em três pilares principais:

  • Desfechos clínicos de qualidade: Os cuidados prestados ao paciente devem resultar em melhores resultados para sua saúde, minimizando complicações e readmissões.
  • Eficiência no uso de recursos: Identificar e eliminar desperdícios, seja de tempo, recursos financeiros ou materiais, é essencial para garantir a sustentabilidade do sistema.
  • Experiência do paciente: Garantir que o paciente tenha uma experiência positiva em sua jornada assistencial é um diferencial importante para o sucesso de qualquer instituição de saúde.

A implementação de um modelo baseado em valor requer a coleta de dados precisos, análise contínua e comparação dos indicadores para identificar os principais focos de desperdício. E não há dúvidas: esse processo depende de tecnologia avançada, organizações comprometidas e profissionais engajados.

O papel do ESG nas plataformas de saúde

O ESG — sigla que reúne os princípios de Environmental (ambiental), Social (social) e Governance (governança) — vem ganhando cada vez mais relevância em diversos setores, e a saúde não é exceção.

Quando aplicado corretamente, o ESG pode ser uma ferramenta poderosa para transformar o setor de saúde, promovendo práticas mais sustentáveis, éticas e inclusivas.

1. Ambiental: redução do impacto no meio ambiente

No aspecto ambiental, plataformas de saúde podem ajudar a reduzir o uso de recursos naturais e o impacto ambiental por meio de soluções tecnológicas inovadoras. Exemplos incluem:

  • Digitalização de prontuários, que elimina a necessidade de arquivos físicos e reduz o uso de papel.
  • Uso de aplicativos e videoconferências, que diminuem a necessidade de deslocamentos e o consumo de combustíveis fósseis.
  • Data centers remotos, que otimizam o uso de energia e garantem maior eficiência na gestão de dados.

Ao reduzir o consumo de recursos, essas plataformas ajudam a construir um sistema de saúde mais sustentável, diminuindo o impacto ambiental e promovendo um futuro mais promissor.

2. Social: inclusão e equidade na saúde

No aspecto social, as plataformas de saúde desempenham um papel essencial na educação e empoderamento da população. Ao oferecer transparência sobre os protocolos de tratamento e permitir que os pacientes tenham maior controle sobre suas informações de saúde, elas incentivam a prevenção e o autocuidado.

Além disso, as plataformas têm o potencial de democratizar o acesso à saúde, permitindo que pacientes de áreas remotas ou populações vulneráveis acessem serviços de qualidade, superando barreiras geográficas e socioeconômicas.

A transparência nas informações também ajuda a reduzir disparidades no tratamento, promovendo um sistema de saúde mais justo e equitativo.

3. Governança: transparência e confiabilidade

A governança corporativa é um dos pilares centrais para garantir que as plataformas de saúde operem de maneira ética e transparente. As plataformas devem seguir rigorosos padrões de segurança da informação, garantindo a proteção de dados dos pacientes e a conformidade com as normas regulatórias, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil.

Além disso, as boas práticas de governança promovem uma gestão transparente, onde os dados são compartilhados de maneira clara entre as partes envolvidas, fortalecendo a confiança no sistema de saúde.

ESG na saúde, dentro e fora do Brasil

Com a possibilidade de exigências obrigatórias para a publicação de relatórios ESG, a pressão para que as organizações de saúde adotem essas práticas está aumentando globalmente, como aponta a Grant Thornton.

Nos EUA, mudanças regulatórias se aproximam: à medida que empresas de capital aberto avançam em suas iniciativas ESG, mesmo as organizações de saúde que não são obrigadas a relatar podem sentir essa pressão. Além disso, a pontuação de desempenho ESG em breve deverá ser um fator importante nos pagamentos do Medicare.

Na Europa, a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) já foi aprovada e exigirá que empresas que atendem a certos critérios divulguem informações sobre governança, impactos sustentáveis, riscos e metas.

Segundo o relatório "Panorama ESG 2023" da Amcham, 64% das empresas brasileiras afirmam ter uma estratégia formal de ESG em desenvolvimento ou já implementada. Esse movimento não apenas responde a demandas de investidores e consumidores, mas também se alinha a um contexto global onde a transparência e a ética empresarial são cada vez mais valorizadas.

Assim como nos Estados Unidos e Europa, a pressão por relatórios ESG efetivos tem aumentado, com um número crescente de organizações buscando integrar práticas sustentáveis em seus modelos de negócios.

No setor de saúde, a adoção de iniciativas ESG se torna ainda mais crucial, dado o impacto significativo que essa indústria exerce sobre a sociedade e o meio ambiente. De acordo com a pesquisa, apenas 45% das instituições de saúde no Brasil possuem iniciativas formalmente estruturadas em ESG.

No entanto, há um reconhecimento crescente de que integrar princípios ESG pode levar a melhores resultados financeiros e operacionais. A saúde é responsável por cerca de 8,5% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE) nos EUA, e uma situação similar pode ser observada no Brasil.

Sendo assim, iniciativas de redução de emissões e promoção do bem-estar social são fundamentais para a reputação e sustentabilidade das instituições de saúde. Com a crescente consciência sobre a importância das práticas ESG, espera-se que essas organizações se comprometam a desenvolver programas robustos que promovam transparência, engajamento e conectividade com as partes interessadas.

Conectividade e colaboração: o caminho para um impacto coletivo

A grande força das plataformas de saúde está em sua capacidade de conectar diferentes atores de maneira eficiente e colaborativa.

Elas criam um ecossistema de saúde onde hospitais, médicos, operadoras, fornecedores e pacientes podem compartilhar informações e trabalhar em conjunto para alcançar um objetivo comum: melhorar a qualidade do cuidado e combater o desperdício.

O ESG, nesse contexto, atua como um orientador ético para garantir que essas conexões sejam baseadas em relações justas, inclusivas e sustentáveis.

As plataformas tornam possível a criação de comunidades interligadas, onde todos os participantes têm um papel ativo na transformação do sistema de saúde.

Mudança de paradigma: do volume para o valor

A transformação do setor de saúde para um modelo baseado em valor exige uma mudança de mentalidade significativa. Durante décadas, o setor operou com base em um modelo de pagamento por volume, onde a quantidade de procedimentos realizados era o principal determinante do pagamento.

O conceito de valor em saúde, no entanto, desafia essa lógica, propondo um modelo onde a remuneração é baseada nos resultados obtidos para os pacientes. Isso significa que hospitais, operadoras e equipes médicas devem compartilhar os riscos e os resultados do tratamento, garantindo que todos estejam alinhados em torno do objetivo final: entregar o melhor cuidado ao paciente.

Plataformas como o Valor Saúde Brasil são essenciais nesse processo, pois facilitam a conexão entre os atores que precisam entregar valor, aqueles que possuem as ferramentas para viabilizar essa entrega e, por fim, a população que se beneficia dos cuidados baseados em valor.

Se o valor em saúde coloca o paciente no centro de tudo, o ESG deve seguir a mesma lógica: o foco deve ser o paciente, o cidadão, o ser humano. É ele quem inspira cada decisão, cada melhoria e cada transformação no sistema de saúde. O verdadeiro compromisso do ESG é garantir que cada pessoa tenha acesso a um cuidado mais justo, humanizado e eficaz, sempre priorizando o bem-estar e a dignidade de cada vida tocada por esse sistema.

Potencial de impacto do ESG nas plataformas de saúde

Há um ditado que diz: “juntos somos mais fortes”. Esse princípio é a base das plataformas de saúde. Ao conectar quem necessita de cuidados com quem os fornece, as soluções se tornam mais eficientes e os resultados, mais impactantes.

Quando integradas aos princípios do ESG, as plataformas de saúde têm o poder de transformar o setor, melhorando tanto as condições de saúde quanto a redução de desperdícios. Isso contribui para um sistema mais acessível, inclusivo e sustentável.

Diante dos desafios crescentes do contexto atual, as plataformas digitais se destacam como soluções essenciais. Ao adotar práticas de ESG, elas conseguem otimizar recursos, melhorar os resultados assistenciais e fortalecer a luta por um sistema de saúde mais equitativo.

O futuro da saúde está na combinação de plataformas e ESG — juntos, eles criam as bases para um sistema que prioriza o valor, reduz desperdícios e entrega melhores resultados para a sociedade.


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