Você sabe interpretar os termos e conceitos relacionados a “condição adquirida hospitalar”? Nesse post vamos te ajudar a compreender o que diferencia uma condição clínica que surge durante o período de internação hospitalar - e que está associada à doença base do paciente -, daquela determinada não pelas condições do paciente, mas por falhas no processo assistencial.
As condições adquiridas no hospital – CAH (Hospital Acquired Conditions - HAC) são condições clínicas ou complicações que não estavam presentes quando um paciente foi internado, mas se desenvolvem como resultado de erros ou acidentes no hospital.
Veja algumas definições para “erro” e “evento adverso” encontradas na literatura:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um relatório fornecendo uma visão geral detalhada do quadro conceitual da Classificação Internacional de Segurança do Paciente (CISP), que inclui uma exposição de cada classe, conceitos-chave com termos preferenciais e aplicações práticas.
Em relação aos conceitos-chave, destacamos abaixo os que se associam com o objetivo do nosso tema:
As condições adquiridas (erros que atingem o paciente podendo causar algum dano ou não) surgem em um ou mais pontos da linha de cuidado assistencial. Ou seja, as condições para o erro estão relacionadas às tarefas, às pessoas e ao ambiente envolvidos com estas tarefas ao longo da trajetória do paciente dentro do hospital. A figura abaixo mostra esquematicamente a cadeia de valor do processo médico-hospitalar:
A OMS descreve 13 possíveis contextos nos quais os incidentes podem surgir. Veja no quadro abaixo:
Contextos em que os incidentes podem ocorrer | Exemplos de processos/tarefas em cada contexto em que incidentes podem ocorrer |
Acidentes com pacientes | Exposição a quedas; exposição a produtos químicos e a outras substâncias; exposição a mecanismos térmicos; exposição a força perfurante; outros |
Gestão clínica | Dimensionamento da equipe assistencial; identificação do paciente; consentimento informado; continuidade dos cuidados; outros |
Comportamento dos profissionais da saúde | Não cooperativo/obstrutivo; inapropriado; imprudente; perigoso; abuso de substância; assédio; discriminação; agressão verbal, física, sexual; outros |
Dispositivos médicos/equipamentos | Controle de patrimônio/programa de controle e manutenção de equipamentos/dispositivos/bens; outros |
Documentação | Folhas de evolução; registros médicos; avaliações; interconsultas; lista de verificação; outros |
Gestão de recursos/organização | Adaptação e gerenciamento da carga de trabalho; disponibilidade/adequação de camas/serviços; disponibilidade/adequação de recursos humanos; organização de equipes; disponibilidade/adequação de protocolos/diretrizes; outros |
Infecção relacionada à assistência | Infecções relacionadas a procedimentos invasivos; infecções por transmissão cruzada; infecções de sítio cirúrgico; outros |
Infra-estrutura/instalações | Controle de patrimônio/programa de controle e manutenção das instalações; outros |
Medicamentos/líquidos para administração endovenosa | Prescrição; dispensação; preparo; outros |
Nutrição | Prescrição; preparação; cozimento; dispensação; administração; conservação; outros |
Oxigênio/gases/vapores | Rotulagem do cilindro; código de cor; travas de segurança; armazenagem; prescrição; administração; distribuição; outros |
Procedimento assistencial | Diagnóstico; tratamento; intervenção; confinamento; restrição física; outros |
Sangue/produtos sanguíneos | Provas pré-transfusionais; prescrição; preparação; administração; outros |
A OMS também elenca as principais causas que determinam a ocorrência dos incidentes relacionados à segurança do paciente:
O processo:
Os medicamentos, sangue, nutrição, e outros, necessários para a assistência:
Os equipamentos, materiais, e outros, necessários para a assistência:
A infra-estrutura e instalações necessárias para a segurança do paciente:
Para o Analista de Informação em Saúde, este conhecimento é de crucial importância, uma vez que identificar corretamente uma condição associada à doença de base e uma condição adquirida poderá influenciar no agrupamento DRG e, consequentemente, no nível de complexidade assistencial, na formulação dos custos com recursos consumidos e na avaliação de desempenho.
O ponto central na codificação das condições adquiridas é identificar se o evento a ser codificado trata-se da evolução natural da doença de base do paciente, ou não.
Lembre-se: eventos que se manifestam durante a internação hospitalar e que estão associados à doença de base do paciente não devem ser codificados como condição adquirida. São situações clínicas que devem constar como CIDs Secundários.
Uma última dica importante é que o Analista de Informação em Saúde jamais deve concluir que um evento é uma condição adquirida. Ele ou ela deve buscar evidências no prontuário e, na dúvida, interagir com o Núcleo de Segurança do Paciente e com o médico responsável para consenso.
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Fontes:
Direitos autorais: CC BY-NC-SA
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