O jornal Valor Econômico desta quinta-feira, dia 08 de abril, trouxe um artigo com o tema “Qual é a prioridade?”, escrito por Marcelo Carnielo (Planisa), Renato Couto (Grupo IAG Saúde e DRG Brasil), Tania Grillo (Grupo IAG Saúde e DRG Brasil) e Francisco Cardoso (Nescon/UFMG e Instituto Feluma).
Os autores expressam grande pesar pelo fato de o Brasil já ter ultrapassado a marca de 300 mil óbitos, ainda com perspectivas incertas quanto ao controle do contágio do novo Coronavírus – embora a vacinação avance lentamente.
Num cenário de insuficiência de vacina e de colapso dos recursos hospitalares, é fundamental que se definam prioridades para diminuir perdas de vidas humanas e garantir acesso da população a uma assistência à saúde digna.
Foi realizado um estudo usando a base de dados da plataforma de valor em saúde DRG Brasil, que abrange 334 hospitais, totalizando 53.822 leitos que assistem a cerca de 15,6 milhões de brasileiros, cobertos pela saúde suplementar e pelo SUS, distribuídos em todas as regiões do país.
Usando a plataforma, os autores analisaram 60.384 internações de pacientes internados por Covid-19, no período de março de 2020 a março de 2021.
Ao fazer a avaliação dos óbitos, foi constatado o que já era esperado: 82,9% dos óbitos hospitalares verificados nas internações analisadas ocorreram nos maiores de 60 anos, que é a população mais vulnerável ao vírus. Os achados sinalizam fortemente, e de maneira contundente, a prioridade que a vacinação no Brasil deve seguir para impactar definitivamente na mortalidade.
“33,28 milhões de doses de vacina anti-Covid-19 poderiam evitar 82,9% das mortes dos brasileiros”, concluem os autores.
Os indivíduos com mais de 60 anos representam 51,1% de todas as pessoas internadas com Covid-19 – proporção que tem se mantido nos últimos 90 dias. Essa faixa-etária consumiu 61,8% de todos os leitos e 72,9% dos recursos de ventilação mecânica usados para o tratamento da doença nos hospitais estudados. Mais uma vez, esses números reforçam que a vacinação dos idosos 60+ poderia significar uma liberação em massa de recursos essenciais para atender os casos graves.
A Planisa, empresa especialista em custos hospitalares parceira da plataforma Valor em Saúde Brasil, fez um estudo abrangendo 38 hospitais com unidades para atendimento de pacientes com Covid-19, no período de abril de 2020 a fevereiro de 2021. No custo da diária foi padronizado que entrariam materiais hospitalares, medicamentos e honorários médicos.
Neste estudo, a Planisa apurou que:
Se comparados com os pacientes clínicos não acometidos pela doença, os pacientes Covid consumiram em média 2,5 vezes mais recursos. Esse achado é determinado pelo aumento proporcional da complexidade e criticidade clínica nessa população, mensurado pela metodologia DRG Brasil.
Dos pacientes avaliados que precisaram internar para tratamento da Covid-19, 33,4% foram para a UTI e 17,4% usaram ventilação mecânica, com uma permanência hospitalar média de 9,8 dias. Os pacientes que usaram terapia intensiva ficaram internados em média 16,8 dias, sendo 7,2 deles na UTI.
Se o espectro clínico da doença e os custos no Brasil forem semelhantes ao estudo dessa base, é possível estimar o agregado do custo direto hospitalar da Covid-19 até o momento:
Esse custo total calculado corresponde a aproximadamente 10% do orçamento da saúde do Brasil. E aqui não estão incluídos os custos de reabilitação, nem do cuidado com as sequelas da doença.
Passado um ano do anúncio de calamidade pública decorrente da pandemia no Brasil, é absolutamente correto afirmar, uma vez mais, que a melhor estratégia em saúde é a prevenção.
A vacina possui uma excepcional relação custo-benefício, porque é muito barata. Se forem corretamente priorizados na vacinação os maiores de 60 anos, 31,8 milhões de doses completas serão utilizadas e se evitará potencialmente um enorme contingente de mortes e uma carga de sofrimento humano incomensurável – além das imensas perdas econômicas e da memória nacional que se extingue com a partida dos cidadãos mais velhos e experientes.
O custo econômico é mensurável, e pode ser recuperado com o esforço de todos, mas o sofrimento das vidas perdidas não.
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