Modelo Assistencial

Veja a relação entre gestão de riscos e segurança do paciente usando exemplos

DRG Brasil
Postado em 4 de março de 2021 - Atualizado em 28 de setembro de 2023

A segurança do paciente abrange não apenas a avaliação permanente e proativa dos riscos em serviços de saúde, como também o desenho e a instituição das barreiras de segurança necessárias. Veja exemplos!

Já há bastante tempo falamos nesse blog sobre Segurança do Paciente. A Segurança do Paciente é o resultado de um efetivo programa de Gestão de Riscos Assistenciais. Organizações de saúde de todos os tipos e tamanhos enfrentam influências e fatores internos e externos que tornam incerto se, e quando, atingirão seus objetivos. O resultado que essa incerteza gera nos objetivos da organização é chamado de "risco".

O que você sabe sobre Gestão de Riscos?

A Gestão de Riscos é um tema relativamente novo em termos de pesquisa e referencial teórico. Evoluindo da norma australiana/neozelandesa AS/NZS 4360, a primeira norma elaborada pela International Organization for Standardization (ISO) acerca do assunto - a ISO 31000 Gestão de Riscos / Princípios e Diretrizes - foi publicada em novembro de 2009, apresentando as diretrizes para o Gerenciamento de Riscos. Em 2015, a ISO atualizou a versão da norma 9001 – Sistemas de Gestão da Qualidade incorporando, como item obrigatório para a certificação das organizações, as diretrizes de gerenciamento de riscos propostas na 31000.

No Brasil, a Anvisa, também em 2015, publicou o Plano Integrado para a Gestão Sanitária da Segurança do Paciente em Serviços de Saúde - Monitoramento e Investigação de Eventos Adversos e Avaliação de Práticas de Segurança do Paciente – “orientando a reorganização das práticas de monitoramento e investigação de incidentes, otimizando os recursos disponíveis para o enfrentamento do problema, e instituindo e sustentando uma cultura de segurança dentro do sistema”. O escopo das orientações foi integralmente baseado nas diretrizes da ISO 31000 e de sua norma complementar, a ISO 31010, que trata das técnicas para o processo de avaliação de riscos.

De acordo com a Anvisa, Gestão de Risco Assistencial pode ser entendida como aplicação sistêmica e contínua de políticas, procedimentos, condutas e recursos na identificação, análise, avaliação, comunicação e controle de riscos e eventos que afetam a saúde, a segurança, a integridade profissional, o meio ambiente e a imagem organizacional. Neste contexto, a Segurança do Paciente abrange não apenas a avaliação permanente e proativa dos riscos em serviços de saúde, como também o desenho e a instituição das barreiras de segurança necessárias.

Vamos analisar alguns exemplos de riscos assistenciais?

  • Risco para internação hospitalar prolongada do idoso frágil: Como fatores de risco independentes, além dos fatores mais conhecidos como o grau de comprometimento nas atividades da vida diária, fragilidade e a alta comorbidade, também a admissão inapropriada tem sido considerada como importante fator influenciador no tempo de permanência.
  • Risco para readmissão não planejada em até 30 dias após a alta de pacientes diabéticos tipo 2: Pacientes com diabetes são mais propensos a ser readmitidos e ter permanência hospitalar maior em comparação com pacientes sem diabetes. Os fatores de risco associados à readmissão são fatores próprios do paciente (demográficos e comorbidades), especialmente em situações de complicações infecciosas, insuficiência cardíaca e dor torácica/IAM.
  • Risco para prolongamento da internação após a cesariana: Gestantes submetidas ao parto cesariana e que evoluem com complicações per-operatórias, como íleo, endometrite e complicações da ferida operatória apresentam o maior risco independente para tempo de internação prolongado pós-parto.
  • Risco das infecções relacionadas à assistência (IRA) no tempo de permanência e na mortalidade hospitalares: Estudo brasileiro de caso-controle que pareou pacientes  com mais de 14 anos – consecutivamente admitidos em unidades de terapia intensiva de três hospitais gerais da Região Metropolitana de Belo Horizonte – por hospital, por DRG, por características demográficas e no mesmo período, sendo um paciente com IRA (caso) e o outro sem (controle), mostrou que o tempo médio de permanência para os casos foi 15,2 dias e 7,1 dias para os controles (p<0,001). A taxa de mortalidade geral observada foi de 18,2% nos casos e 7,2% nos controles (p<0,001). A pneumonia hospitalar caracterizou-se como o fator de risco de maior influência nos resultados observados.
  • Readmissões e transferências de recém-nascidos prematuros ou baixo peso ao nascer, por tipo de fonte pagadora: Estima-se que 5,9% recém-nascidos (RNs) pré-termo/baixo peso nos Estados Unidos, nascidos em hospitais, sejam readmitidos. Estes pacientes representam 22,6% dos custos totais com neonatos. As readmissões e transferências são maiores no sistema público (Medicaid) quando comparado com o sistema privado: 7,6% x 4,3% e 7,3% x 6,5% respectivamente. A taxa de mortalidade intrahospitalar de RNs não segurados (sem cobertura pública nem privada) durante o primeiro ano de vida é 91/1000 nascidos vivos - quase três vezes maior do que os RNs atendidos pelo sistema público (37/1000) ou privado (32/1000).
  • Risco do estado nutricional no tempo de permanência hospitalar: O declínio no estado nutricional durante hospitalização, com perda de peso ≥5%, identificado através da avaliação subjetiva global e de medidas de peso à admissão e à alta, está associado a tempo de permanência prolongado independentemente de fatores como os demográficos, qualidade de vida e gravidade da doença.

Em cada uma das situações exemplificadas acima, que causam um significativo impacto na segurança do paciente com importante repercussão no consumo de recursos institucionais, as diretrizes da gestão de riscos devem ser aplicadas. Em cada um dos contextos, os principais fatores de risco foram identificados. Porém, entender as causas (analisar o risco), dimensionar sua gravidade (avaliar o risco) de forma a estabelecer ações de melhoria (tratar o risco) são etapas fundamentais para o gerenciamento.

Ao longo de todo este processo, as partes interessadas devem ser comunicadas e consultadas. Partes interessadas, os “stakeholders”, são pessoas e organizações ativamente envolvidas no processo ou cujos interesses podem ser afetados como resultado da execução das ações planejadas, conforme a ISO 9001. No contexto da “Gestão de Risco Assistencial” as partes interessadas obviamente envolvidas, porém não limitadas a, são:

  • O paciente, seus familiares e responsáveis legais;
  • A equipe multidisciplinar responsável pela assistência;
  • O hospital prestador da assistência, seus colaboradores e fornecedores;
  • O financiador da prestação da assistência: gestão pública ou privada (operadoras de planos privados de saúde suplementar);
  • Empresas adquirentes de planos privados de saúde para seus trabalhadores;
  • Organismos governamentais;
  • A sociedade.

As ferramentas básicas que possibilitam a implantação de um sistema de gestão baseado no gerenciamento de riscos, identificando as causas de potenciais falhas/erros para que medidas para evitar sua manifestação ou recorrência sejam estabelecidas (os controles) são:

  • Mapeamento de processos;
  • Cadeia cliente-fornecedor e seus requisitos;
  • Monitoramento da conformidade e medição dos processos;
  • Análise crítica de dados e resultados aplicando desenhos epidemiológicos e estatísticos;
  • Elaboração de ações preventivas e corretivas com foco na melhoria de processos.
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Imagem: Freepik

Ou seja, os instrumentos necessários para se estabelecer um ambiente favorável à melhoria contínua da assistência – PDCA:

P - “plan” - planeje: Estabeleça os objetivos e os processos necessários que será abordado, em primeiro lugar, descreva o processo atual determinando a oportunidade de melhoria, descreva todas as causas possíveis do problema e chegue a um acordo sobre a causa-raiz, desenvolva uma solução que julgue efetiva e executável e o plano de ação, inclusive as metas de aprimoramento.

D - “do” - execute: a solução ou a mudança do processo.

C - “check” - analise:  revise e avalie o resultado da mudança.

A - “act” - ação preventiva ou corretiva das não conformidades:  reflita e proponha ações com base no aprendizado.  

Em breve postaremos aqui no blog Valor em Saúde Brasil novos conteúdos sobre gestão de riscos para uma assistência mais segura ao paciente. Fique ligado!


Fontes:

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