Casos práticos mostram como a gestão da permanência hospitalar e o uso da inteligência artificial para melhorar a qualidade da informação auxiliam instituições filantrópicas a efetivar a saúde baseada em valor.
Em tempos de pandemia de Covid-19 e frente à experiência de outros países, aprendemos que no mundo globalizado de recursos de saúde limitados, uma das pedras angulares para a contenção dessa situação emergencial é alongar no tempo o aparecimento dos novos casos.
O intuito é conseguir ir melhorando a distribuição dos novos casos em determinado período e evitar, dessa forma, a sobrecarga – principalmente de pacientes graves no sistema de saúde que demandam internações hospitalares de alta complexidade.
Isso reforça a questão da otimização da utilização dos leitos, sobretudo no quesito da eficiência hospitalar. Atualmente, além de necessário, é possível otimizar a eficiência hospitalar de forma segura, centrada no paciente e com excelentes resultados.
Como o Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba agiu para aumentar sua eficiência e melhorar seus resultados
O Hospital dos Fornecedores de Cana (HFC) é um hospital geral, localizado na cidade de Piracicaba, SP, fundado em 1967. Inicialmente, suas atividades foram desenvolvidas para atender às famílias dos produtores de cana-de-açúcar e milhares de pessoas empregadas no setor, porém, com seu ingresso no Sistema Único de Saúde, em 1972 passou a ser referência para as cidades da região.
Sua mantenedora é a Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, entidade da classe canavieira que assumiu estatuariamente a missão de promover excelência à Saúde Suplementar e ao Sistema Único de Saúde, através de seu hospital. Atualmente, mais de 80% dos atendimentos são realizados pelo SUS.
O HFC conta recebeu seu Certificado ONA Nível 1 em 2019, tornando-se o 1º hospital filantrópico da região a conquistar esta acreditação.
A introdução da plataforma DRG Brasil aconteceu em parceria com a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (FEHOSP) e com a Planisa. O 2º semestre de 2017 foi iniciado utilizando a metodologia de gerenciamento de custos e da qualidade assistencial, que permite a elaboração de pacotes – clínicos e cirúrgicos – para a comercialização de serviços hospitalares, tendo como base informações coletadas a partir da internação.
A necessidade primordial da instituição era a de gestão eficiente dos leitos hospitalares e de agilidade e precisão para escolher o melhor caminho em busca dos melhores resultados assistenciais e financeiros.
A utilização do módulo de valor em saúde da plataforma ajudou o hospital filantrópico a definir ações para:
- redução de pneumonias e infecções relacionadas à ventilação mecânica;
- atuação sobre as altas tardias;
- redução de partos prematuros e protocolo de alta de recém-nascidos;
- otimização do tempo de internação de pacientes com fratura de fêmur.
A título de exemplo, a melhora da eficiência do hospital pode ser evidenciada pelos seguintes resultados:
→ A linha de cuidado da fratura de fêmur no hospital reduziu a permanência, que antes da aplicação do DRG Brasil era de 6 dias, para 2,5 dias em 2019;
→ Nas unidades clínicas permanência reduziu de 11,8 para 6,2 dias;
→ O tempo de permanência da fratura de fêmur em CTI passou de 6,3 para 4,2 dias nesse mesmo período.
→ O aumento da eficiência permitiu manter o atendimento e reduzir 10 leitos de CTI.
→ Apenas a redução de leitos de terapia intensiva permitiu uma economia anual de 2 milhões de reais.
Fazendo o controle do desperdício mensurado pelo DRG Brasil e a organização do processo para a governança clínica baseada em valor, o hospital conseguiu garantir mais recursos para melhorar a assistência ao paciente.
Hospital Madre Teresa e a assertividade da informação para a melhoria da qualidade assistencial
Ainda falando de Covid-19, foram algoritmos que detectaram o surgimento de uma nova forma de doença respiratória na região de um mercado em Wuhan, na China, nove dias antes do primeiro comunicado oficial da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Estamos passando por um momento de profundas transformações. Mudanças vieram para ficar. A tecnologia previu e alertou muito daquilo que estamos vivenciando hoje.
Não só em tempos de pandemia, mas sempre, informação de qualidade é um ativo valioso. O desconhecimento do risco assombra as organizações de saúde, os pacientes e suas famílias.
O Hospital Madre Teresa, administrado pela obra filantrópica Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada (IPMMI), já utiliza há alguns anos o módulo de inteligência artificial da plataforma de valor em saúde.
Indicadores de governança clínica e gestão de riscos 4P (preditiva, preventiva, personalizada e participativa) auxiliam as equipes assistenciais a tomar decisões com base em informações de saúde assertivas.
Um dos principais hospitais de Belo Horizonte e região, o Madre Teresa é composto por cerca de 1700 colaboradores, entre eles, 400 médicos do corpo clínico. Além disso, o HMT destina 10% do seu atendimento à filantropia junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A parceria com o Grupo IAG Saúde nasceu com o propósito de minimizar gaps relacionados à qualidade da informação, e assim, em 2018, a plataforma DRG Brasil foi implantada. Após um ano de utilização, estima-se que 30 mil altas foram codificadas pela equipe de analistas de informação em saúde.
Segundo o Diretor Administrativo do HMT, Marcos Vete, para que a sustentabilidade aconteça, é preciso, em primeiro lugar, garantir o controle do desperdício. Nesse sentido, o Valor Saúde Brasil, impulsionado pelo DRG Brasil e Inteligência Artificial, prioriza o cuidado com o paciente com ações de melhoria da qualidade assistencial – sendo a Gestão de Riscos 4P uma delas.
“A tecnologia atua trazendo informação de qualidade”, diz a Gerente de Segurança Assistencial do hospital Flávia Roza. “Isso contribui para uma governança clínica genuína”.
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