Modelo Assistencial

6 tipos de condições adquiridas mais frequentes no hospital

DRG Brasil
Postado em 28 de março de 2022 - Atualizado em 23 de outubro de 2023

Já falamos anteriormente aqui no Blog Valor em Saúde sobre o conceito de condições adquiridas hospitalares. As condições adquiridas no hospital são estados clínicos ou complicações que não estavam presentes quando o paciente foi internado, mas se desenvolvem como resultado de falhas ou acidentes na jornada hospitalar.

Neste post, vamos falar sobre as condições adquiridas mais frequentes no ambiente hospitalar. Não significa que os tipos de incidentes estejam limitados a esta lista, mas o entendimento do conceito será muito útil na compreensão dos demais.

Esperamos que o conteúdo seja proveitoso e informativo para profissionais da assistência e gestores hospitalares!

NÚMERO 1. Condições adquiridas relacionadas aos procedimentos invasivos não operatórios mais comuns

1.1 Relativas a ventilador mecânico (VM): dispositivo utilizado para auxiliar ou controlar a respiração de forma contínua, inclusive no período de desmame, por meio de traqueostomia ou intubação endotraqueal.

a. Barotrauma

Escape de ar para fora do espaço aéreo, devido à ruptura da parede alveolar determinada por elevada pressão gerada pela VM.

b. Extubação acidental

Saída não programada do tubo endotraqueal (TET) ou da cânula de traqueostomia (TQT), em paciente em VM, independente do motivo (sedação insuficiente, fixação inadequada, alfinete rasgou o tubo, entre outros).

c. Falha da extubação

Ocorre quando há necessidade de reintubação e/ou retorno à VM (por TET ou por traqueostomia) dentro das primeiras 72 horas após extubação programada.

d. Troca de tubo endotraqueal (não eletiva)

Consiste na necessidade de troca do TET por obstrução, intercorrências com o balonete, escape, obstrução alta por rolha, entre outras.

e. Pneumonia associada a VM (PAV)

De acordo com a Anvisa, PAV é: “Pneumonia em paciente em ventilação mecânica (VM) por um período maior que dois dias de calendário (sendo que o D1 é o dia de início da VM) e que na data da infecção o paciente estava em VM ou o ventilador mecânico havia sido removido no dia anterior”.

f. Outros incidentes/danos relacionados a VM

Como: atelectasia; edema de glote pós extubação; estenose da região traqueal ou subglótica; hipóxia; lesão de pele relacionada à fixação do TET ou TQT; lesão nasal; traqueomalácea e trauma de laringe e traqueia.

1.2. Relativas a cateter vascular central (CVC): cateter utilizado para infusão, coleta de amostra sanguínea ou monitoramento hemodinâmico, cuja terminação está posicionada próxima ao coração ou em um grande vaso.

a. Perda Acidental CVC

Qualquer retirada não programada do cateter vascular central independente do motivo (curativo solto, fixação inadequada, manipulação inadequada, quebra do canhão, perda por obstrução, infiltração, tracionamento, flebite, entre outros).

b. Infecções da corrente sanguínea (ICS) associadas ao CVC

Infecção da corrente sanguínea em pacientes em uso de cateter central por um período maior que dois dias de calendário.

c. Outras infecções associadas ao CVC

Infecção arterial ou venosa: paciente em uso de CVC e que apresenta sinais e sintomas infecciosos no local ou no trajeto de inserção.

d. Outros incidentes/danos relacionados ao uso do CVC

Como: cateter mal posicionado, fenômeno tromboembólico; flebite inflamatória; hidrotórax; isquemia/necrose; lesão de pele; obstrução do CVC; pneumotórax; procedimento para inserção prolongado; queimadura de pele; quilotórax.

1.3. Relativas à sonda vesical de demora (SVD): sonda que é introduzida pelo orifício da uretra e permanece instalada.

a. Perda acidental de sonda vesical de demora (SVD)

Consiste em qualquer retirada não planejada da sonda vesical de demora independente do motivo (fixação inadequada, manipulação inadequada, tração, perda por obstrução).

b. Infecção de trato urinário associada à sonda vesical de demora (SVD)

Qualquer infecção sintomática de trato urinário em paciente em uso de sonda vesical de demora instalada por um período maior que dois dias calendário.

c. Outros incidentes/danos relacionados ao uso da sonda vesical de demora (SVD)

Posicionamento inadequado; traumatismos; vazamento.

1.4. Relativas a outros procedimentos invasivos não operatórios: quaisquer outros procedimentos invasivos utilizados nos processos de assistência ao paciente têm risco intrínseco de ser objeto de incidente ou até mesmo de causar dano ao paciente.

NÚMERO 2. Condições adquiridas relacionadas aos procedimentos cirúrgicos

Cirurgia em paciente internado: Paciente submetido a um procedimento dentro do centro cirúrgico, que consista em pelo menos uma incisão em regime de internação superior a 24 horas.

Cirurgia ambulatorial: Paciente submetido a um procedimento cirúrgico em regime ambulatorial (hospital-dia) ou com permanência no serviço de saúde inferior a 24 horas que consista em, pelo menos, uma incisão .

Cirurgia endovascular: Paciente submetido a procedimento terapêutico realizado por acesso percutâneo, por via endovascular, com inserção de prótese, com exceção de stents.

Cirurgia endoscópica com penetração de cavidade: Paciente submetido a um procedimento terapêutico, por via endoscópica, com manipulação de cavidade ou víscera através da mucosa. Estão incluídas aqui cirurgias transvaginais e cirurgias transnasais.

a. Infecção de sítio cirúrgico

São infecções relacionadas a procedimentos cirúrgicos, com ou sem colocação de implantes, em pacientes internados e ambulatoriais, que podem ser de localização superficial, profunda ou acometer o órgão/cavidade expostos durante o procedimento cirúrgico.

b. Outros incidentes/danos relacionados ao ato cirúrgico/anestésico:

Como: cirurgia do lado errado; cirurgia errada; cirurgia no paciente errado; complicações respiratórias; corpo estranho esquecido no campo operatório; embolia gasosa, embolia gordurosa; fístulas; hematoma; hemorragia; insuficiência respiratória ou cardiocirculatória; laceração/perfuração/traumatismo de estruturas expostas durante a cirurgia; seroma; tromboembolismo, trombose venosa profunda; entre outros.

NÚMERO 3. Condições adquiridas relacionadas aos medicamentos

condições-adquiridas-hospitalares

a. Reação adversa a medicamento

Qualquer resposta nociva ou indesejada ao medicamento, que ocorre na dose normalmente usada para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doença, ou para modificação de função fisiológica, mas não devido a um erro de medicação.

b. Erro de medicação

Qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, pode levar ao uso inadequado de medicamento. Esse conceito implica que o uso inadequado pode ou não lesar o paciente, e não importa se o medicamento se encontra sob o controle de profissionais de saúde, do paciente ou do consumidor. O erro pode estar relacionado à prática profissional, produtos usados na área de saúde, procedimentos, problemas de comunicação, incluindo prescrição, rótulos, embalagens, nomes, preparação, dispensação, distribuição, administração, educação, monitoramento e uso de medicamentos.

Classificação dos incidentes:

  • Dose errada;
  • Duração do tratamento errada;
  • Erro de preparo, manipulação e/ou acondicionamento;
  • Falta de adesão do paciente;
  • Forma farmacêutica errada;
  • Frequência de administração errada;
  • Horário errado de administração;
  • Medicamento deteriorado;
  • Medicamento errado;
  • Monitorização insuficiente do tratamento;
  • Omissão de dose ou do medicamento;
  • Paciente errado;
  • Técnica de administração errada;
  • Velocidade de administração errada;
  • Via de administração errada.

Diferenças entre erros de medicação e reações adversas:

Os eventos adversos preveníveis e potenciais relacionados a medicamentos são produzidos por erros de medicação, e a possibilidade de prevenção é uma das diferenças marcantes entre as reações adversas e os erros de medicação. A reação adversa a medicamento é considerada como um evento inevitável, ainda que se conheça a sua possibilidade de ocorrência, e os erros de medicação são, por definição, preveníveis.

c. Erro de administração

Qualquer desvio no preparo e administração de medicamentos mediante prescrição médica, não observância das recomendações ou guias do hospital ou das instruções técnicas do fabricante do produto. Considera ainda que não houve erro se o medicamento foi administrado de forma correta mesmo se a técnica utilizada contrarie a prescrição médica ou os procedimentos do hospital.

Os erros abaixo estão mais frequentemente associados a near miss ou a circunstância notificável, mas podem ser a causa de incidentes:

d. Erro de prescrição

Erro de prescrição com significado clínico é definido como um erro de decisão ou de redação, não intencional, que pode reduzir a probabilidade de o tratamento ser efetivo ou aumentar o risco de lesão no paciente, quando comparado com as práticas clínicas estabelecidas e aceitas.

e. Erro de dispensação

Definido como o desvio de uma prescrição médica escrita ou oral, incluindo modificações escritas feitas pelo farmacêutico após contato com o prescritor ou cumprindo normas ou protocolos preestabelecidos.

NÚMERO 4. Condições adquiridas relacionadas ao sangue e hemoderivados

a. Reação transfusional imediata

  • Reação hemolítica aguda;
  • Reação febril não hemolítica;
  • Reação alérgica;
  • Reação anafilática;
  • Sobrecarga volêmica;
  • Reação por contaminação bacteriana;
  • Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão (TRALI – transfusion related acute lung injury);
  • Reação hipotensiva;
  • Hemólise não imune;
  • Distúrbios metabólicos: toxicidade pelo citrato; equilíbrio ácido-básico; alterações do nível de potássio;
  • Dor aguda relacionada à hemotransfusão.

b. Reação transfusional tardia

  • Reação hemolítica tardia;
  • Síndrome de hiperemólise;
  • Púrpura pós-transfusional;
  • Doença enxerto versus hospedeiro associada à transfusão;
  • Reação sorológica tardia/aloimunização (anticorpos anti-eritrocitários);
  • Sobrecarga de ferro.

As reações tardias se manifestam ente 24 horas (reação hemolítica tardia) até semanas após a hemotransfusão (púrpura pós-transfusional). Assim, estas condições adquiridas (danos) poderão se manifestar somente após a alta hospitalar. Muitas demandarão readmissão para tratamento da complicação.

NÚMERO 5. Outras condições adquiridas relacionadas aos cuidados

  • Quedas;
  • Lesões de pele e partes moles;
  • Úlceras por pressão;
  • Aspiração pulmonar;
  • Erros no preparo, conservação e administração de dietas;
  • Tromboembolismo;
  • Hipotermia, hipertermia;
  • Outras infecções relacionadas à assistência;
  • Traumatismo por contenção física;
  • Danos psíquicos;
  • Violência física.

NÚMERO 6. Condições adquiridas relacionadas aos equipamentos e materiais médico-hospitalares

Uma série de potenciais incidentes relacionados à infraestrutura e às instalações podem determinar danos aos pacientes, como traumatismos, queimaduras, intoxicações, reações adversas, entre vários outros.

O leitor interessado em aprofundar neste tema deve consultar o Manual de Tecnovigilância produzido pela Anvisa.

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Créditos/Referências:

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