Modelo Assistencial

Confira um checklist completo para alta hospitalar segura

DRG Brasil
Postado em 22 de julho de 2022 - Atualizado em 28 de setembro de 2023

Manter boas práticas na alta hospitalar é fundamental para garantir a geração de valor aos pacientes e para otimizar a gestão dos serviços de saúde. Momento mais aguardado para o paciente, a alta é fundamental para estreitar laços e criar um residual positivo na lembrança daquela pessoa que passou pela instituição em um provável momento de fragilidade.

Para garantir a assertividade da instituição nesse momento, uma série de boas práticas devem ser executadas, afinal, a alta segura prevê a minimização de riscos implicados ao paciente, e a continuação dos cuidados hospitalares, porém, em casa.

A governança clínica deve ser o pilar de qualquer estratégia de alta segura. Ela envolve um conjunto de práticas elaboradas para melhorar continuamente os serviços de saúde por meio de estratégias de gestão baseada na geração de valor ao paciente. O objetivo é trazer:

●  centralidade da experiência do paciente, como ponto estratégico na linha de cuidado para melhoria da qualidade assistencial

●   maior racionalidade à tomada de decisão por meio do uso de protocolos clínicos baseados em evidências, os quais devem ser assistidos por indicadores e métricas;

●  gestão de riscos, visto que a tática mais eficiente para reduzir desfechos negativos é localizar situações que podem aumentar o risco de readmissão hospitalar;

●   auditorias clínicas para verificar a adesão às práticas de excelência e localizar gargalos nas linhas de cuidados.

A melhor estrutura atual para a governança clínica é o ciclo PDCA — que detalharemos melhor a seguir —, que garante processos de aprimoramento continuados. Neste post, vamos utilizá-lo para fazer um checklist para a alta hospitalar segura. Acompanhe!

Ciclo PDCA 

Alguns hospitais ainda não têm um protocolo estabelecido para a gestão das altas hospitalares. Assim, as decisões ainda são tomadas de forma bastante fragmentada.

Para sanar esse impasse, uma melhor organização pode ser adquirida por meio do Ciclo PDCA, que pode ser descrito como uma metodologia que prevê a melhoria contínua dos processos e objetiva auxiliar a execução de uma determinada estratégia.

A sigla vem do inglês — Plan, Do, Check e Act — e, literalmente traduzindo, o planejamento, execução, checagem e ação (de acordo com os resultados apurados). Dessa forma, podemos concluir que cada etapa desse ciclo necessita de ações específicas para o sucesso da operação, e na alta hospitalar, não poderia ser diferente. 

O ciclo PDCA na alta hospitalar

Apesar de serem protagonistas da liberação do paciente hospitalizado, as equipes hospitalares envolvidas precisam estar inseridas dentro de um contexto de governança clínica para garantir a melhoria contínua. Isso inclui:

●       planejamento das ações e estratégias;

●       execução do plano;

●       monitoramento dos resultados e do alcance das metas;

●       ações corretivas para garantir o alcance e aprimoramento dos objetivos.

Para tanto, cada grupo de profissionais envolvidos deve ter ciência e controle das ações necessárias de cada um para garantir a alta hospitalar segura. 

A seguir, conheceremos algumas das boas práticas na alta hospitalar, correspondentes a cada etapa do ciclo PDCA. Acompanhe!

Planejamento da alta

O planejamento da alta segura deve ser iniciado tão logo quando o paciente é admitido em um hospital. As ações permanecem durante sua internação e culminam com a sua liberação.

Tal como o próprio nome já diz, temos aqui a primeira etapa do ciclo: o planejamento das práticas que resultarão na liberação do paciente. Aqui são evidenciados os protocolos clínicos, burocracias, e alinhamentos que colocarão os profissionais de saúde, administradores e pacientes na mesma página. 

Protocolos clínicos que precedem a alta

Os protocolos clínicos são uma estratégia imprescindível para uma alta segura. Com eles, os hospitais podem orientar a conduta da equipe multidisciplinar, padronizando-as de acordo com as melhores evidências científicas presentes em cada momento.

Não se trata de reduzir a autonomia dos profissionais, mas de sistematizar práticas, mantendo o espaço para a individualização terapêutica necessária a cada caso.

Prescrição de medicamentos

A racionalização da prescrição assertiva de medicamentos — um dos protocolos indispensáveis para uma alta segura — é um tema que vem ganhando relevância na prática hospitalar. Afinal, a prescrição indiscriminada de determinados insumos dá origem a eventos adversos, como:

●  A injúria renal aguda é uma complicação frequente de algumas medicações, como  a anfotericina B, representando um importante fator de prolongamento das internações;

● O uso indiscriminado de antibióticos vem provocando o surgimento de bactérias multirresistentes a drogas mais seguras. Com isso,  tem se tornado cada vez mais comuns infecções hospitalares que demandam prescrição de antimicrobianos de reserva terapêutica, como a vancomicina.

Então, para uma alta segura, precisamos de uma prescrição estratégica a fim de evitar a ocorrência de eventos adversos graves e de infecções multirresistentes.

Plano de alta 

Por fim, tenha um protocolo de alta hospitalar segura baseada em práticas consensuais entre os órgãos de gestão de saúde.

Algumas acreditações, por exemplo, recomendam a realização de um “plano de alta”. Esse documento é baseado “na investigação realizada durante a coleta de dados, por ocasião da internação; que incluem as limitações do paciente, da família ou da pessoa de apoio e do ambiente” (Fialho et al, 2019).

Para isso, ter um sistema integrado de gestão é fundamental. A partir de dados dos prontuários médicos e de outras plataformas, as equipes podem tomar decisões mais racionais, ancoradas em fatores objetivos.

A execução da alta

Passamos, aqui, para a etapa de execução, quando o paciente está prestes a deixar o ambiente hospitalar, e os profissionais de saúde começam a se movimentar de forma mais ativa para que isso aconteça.

Precisamos deixar claro que nessa etapa os cuidados com o paciente ainda não acabaram. É preciso também reduzir o risco de reinternação e de outros eventos adversos, fornecendo os conhecimentos necessários para que o paciente possa seguir com os cuidados necessários em casa. 

Jornada do paciente internado e motivo da hospitalização

Para começar essa jornada intra-hospitalar, é necessário voltar ao embrião da internação. Esta é a conclusão de uma jornada que se iniciou com um evento adverso de saúde:

●   cirurgias com anestesia regional ou geral, as quais demandam um período de observação do paciente;

●   agravos agudos com disfunção orgânica significativa, principalmente infecções;

●   doenças crônicas descompensadas;

●   acidentes domésticos, laborais, de trânsito, entre outros. 

Cada um desses gatilhos pode demandar uma linha de cuidado específica com protocolos de alta individualizados.

Nesse sentido, é necessário mapear as diferentes jornadas dos pacientes em cada linha de cuidado. Documente as especificidades de cada uma delas, como os eventos adversos mais comuns e as causas de reinternação. A partir disso, é possível propor indicadores de monitoramento e ações de coordenação do cuidado.

Gestão de riscos

A gestão de riscos envolve o mapeamento dos eventos adversos gerais e específicos aos quais os pacientes estão sujeitos durante a hospedagem hospitalar. Depois disso, é feito um plano de mitigação, que inclui medidas preventivas para evitar a efetivação das ocorrências e planos de contingência (os quais preveem ações ágeis caso os eventos aconteçam).

Há alguns riscos mais gerais dentro do ambiente hospitalar, os quais independem das características individuais de cada paciente. Talvez, o melhor exemplo sejam os eventos tromboembólicos, que resultam da imobilização. Então, uma forma de mitigá-los é o incentivo à deambulação precoce e a um maior nível de atividade física durante a internação. 

Também é muito importante fazer uma extensa orientação ao paciente e a seus acompanhantes de como eles podem evitar riscos específicos no ambiente doméstico, como a prevenção de quedas e a identificação rápida de sinais de infecção.

Monitoramento de indicadores

Os resultados e o paciente precisam ser acompanhados continuamente. Por isso, entramos na etapa de ‘Checagem’ do nosso ciclo PDCA. Nessa etapa verificamos o que foi feito, quais os resultados obtidos e se o planejamento foi seguido com esmero.

A checagem pode ser feita concomitantemente ao ‘Plano de ação’, ou, formalmente, ao término da segunda etapa. 

Coordenação do cuidado

No “Plano de Alta” de cada paciente, devem estar previstas as ações de coordenação de cuidado pós-alta, a exemplo de:

●   comunicação com as equipes de atenção primária que cuidarão do paciente uma vez que ele esteja desospitalizado;

●  informação do paciente e dos cuidados sobre sinais de alertas;

●  práticas de integração do atendimento físico com o virtual (figital);

● esclarecimento (para o paciente e para essas equipes) de quem são as contrarreferências que devem ser buscadas em caso de determinados eventos adversos;

●  monitorização dos pontos de contato desse paciente com a rede de cuidados após a internação.

Análise de indicadores

Outro ponto basilar da alta segura é a avaliação de indicadores e métricas, como tempo de internação médio e taxa de reospitalização. Elas fornecem informações valiosas para determinar se as suas estratégias de alta hospitalar segura estão sendo efetivas para a sua população de pacientes. 

Essa análise de indicadores deve ser feita em sistemas de gestão hospitalar inteligentes, que empregam soluções de aprendizado de máquina e dispõem as informações em painéis (dashboards), atualizados em tempo real.

Além disso, para garantir a geração de valor, não deixe de incluir métricas de avaliação da experiência do paciente. Uma das mais utilizadas é o Net Promoter Score, que avalia, de 0 a 10, as chances de uma pessoa recomendar seu serviço. Por exemplo, a Unimed Blumenau vem tendo muito sucesso com o monitoramento desse parâmetro com o uso do DRG Brasil. 

Ação (correção) da alta hospitalar

Com o monitoramento contínuo dos indicadores, é possível fazer um ajuste fino dos seus protocolos, dos planos de alta e das ações das equipes. Se as metas não forem atingidas, é o momento de revisar as práticas e reiniciar o ciclo PDCA. Assim, é possível garantir a otimização contínua e a excelência dos serviços hospitalares, desde a admissão até uma alta segura.

Portanto, a alta hospitalar segura é obtida após a efetivação de um complexo checklist que objetiva a melhoria contínua dos serviços. Para sistematizar as ações e monitorar os resultados, é imprescindível ter uma plataforma de saúde baseada em valor com soluções de inteligência artificial e análise de dados em tempo real.

Eis aqui a última etapa do nosso ciclo: a ação. Aqui nos é permitido refletir sobre as ações tomadas, os seus sucessos e fracassos, pontos de melhoria, e divulgação de resultados — caso seja necessário. 

Tais ações mostram que o ciclo PDCA é assertivo por não deixar brechas para que problemas ocorram em um plano de ação, já que ele ajuda a cercear as funções específicas de cada grupo de pessoas. Quando um ciclo acaba, outro começa, e assim, as melhorias passam a ser mais facilmente identificadas e reconhecidas por todos. 

Alta segura e entrega de valor

Como foi possível observar, o sucesso da operação depende de algumas variáveis que, o tempo todo, ‘conversam’ entre si. E para oferecer resultados de qualidade, a tecnologia se mostra um fator indispensável para a concentração e armazenamento de dados — seguindo as regras de segurança vigentes. 

Ter fácil acesso a essas informações é um diferencial na otimização dos processos de alta segura, já que é preciso ter mapeado cada passo da trajetória do paciente dentro da instituição de saúde. 

A união da tecnologia e da inteligência artificial permitiu a facilidade do acesso a informações de todos os departamentos, interligando dados e agilizando os processos, facilitando as tomadas de decisões e dinamizando a rotina dos envolvidos. 

O tempo economizado no trato dessas informações acaba sendo voltado ao paciente, que recebe uma dedicação melhor do profissional de saúde, colaborando com a redução de riscos e melhorando a experiência do paciente — que leva para casa percepções positivas sobre a sua permanência. 

Nesse contexto, o DRG Brasil, caracteriza-se por ser uma ferramenta que concentra os eventos assistenciais, viabiliza o desfecho clínico, usando dos indicadores necessários para guiar a tomada de decisão. 

Com a implementação da metodologia, é possível prever o tipo de alta do paciente considerando os eventos que antecederam a internação — bem como a fluidez do seu tratamento e demais procedimentos observados em sua internação —, as probabilidades de reinternação, custo final do tratamento e demais indicadores.

Para a instituição hospitalar, a obtenção de dados faz com que a tomada de decisão se desenvolva de forma mais técnica, seja para definição de contratos, estabelecimento de metas ou alocação de recursos que gerem mais valor em saúde para os seus clientes.

Quer saber mais sobre a experiência da Unimed Blumenau na coordenação do cuidado com o paciente? Assista ao vídeo-case apresentado na Jornada Valor em Saúde Brasil 2021 sobre esse projeto fascinante com o uso da plataforma Valor Saúde Brasil que, além de proporcionar uma experiência positiva para o paciente, contribuiu para a sustentabilidade do sistema de saúde.

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