Modelo Remuneratório

Remuneração baseada em valor: conheça os desafios para a entrega de valor

DRG Brasil
Postado em 6 de outubro de 2020 - Atualizado em 28 de setembro de 2023

No Brasil, médicos e hospitais são pagos de acordo com o modelo fee for service. Nele, a qualidade fica em segundo plano. Por isso, existe a necessidade de mudar esse cenário e implementar a remuneração baseada em valor.

A ideia é simples: com os ganhos atrelados ao bom resultado no atendimento aos pacientes, a eficiência aumenta e os desperdícios diminuem. Em outras palavras, começa-se a entregar valor em saúde.

Essa transformação também é importante devido ao aumento dos custos em saúde. Isso faz com que diferentes entidades discutam o modelo, inclusive a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Para entender o cenário apresentado, vamos explicar qual é o panorama atual, os desafios para implementar a remuneração baseada em valor e dicas para alcançar esse objetivo. Saiba mais!

Panorama sobre os custos em saúde no Brasil

Documento da ANS mostra que os custos em saúde aumentam de forma contínua. Vários fatores contribuem para esse resultado. Entre eles estão:

  • prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como diabetes e hipertensão;
  • aumento da expectativa de vida;
  • incorporação de tecnologias que tornam os procedimentos mais complexos e custosos.

Esses itens são comuns para diferentes países. No Brasil, a realidade ainda acrescenta outros aspectos. O modelo de assistência centrado no médico, como praticado atualmente, é voltado para o atendimento de quadros agudos, que requerem intervenções curativas.

Esse sistema é o contrário da remuneração baseada em valor. Ainda há o fato do financiamento dos serviços de saúde ser combinado entre os setores público e privado. Por último, existem os desperdícios e as fraudes.

Segundo o relatório Impacto das fraudes e dos desperdícios sobre gastos da saúde suplementar, esses itens ilegais ou desnecessários geraram custos de aproximadamente R$ 28 bilhões em 2017.

Somente os eventos adversos custaram R$ 10,6 bilhões ao sistema privado de saúde no mesmo ano. Essas situações também interferem na ocupação de leitos-dia. O período de internação chega a aumentar em 14,4 dias por evento adverso.

Ao mesmo tempo, a rede hospitalar brasileira tem 165,9 milhões de leitos-dia disponíveis, sendo que 96,6 milhões são usados. Isso resulta em uma taxa de ocupação média de 58,2%. A ociosidade, por sua vez, atinge 41,8%.

Assim, é evidente que existe a necessidade de mudar a forma de remuneração para ser baseada em valor. Na saúde, isso significa verificar a relação entre os resultados importantes para os pacientes e os custos para alcançá-los. Por isso, a fórmula usada para chegar a esse índice é:

Valor em saúde = desfechos clínicos / custos

Nesse contexto, fica claro que a entrega de valor em saúde traz eficiência e redução dos desperdícios. Portanto, a remuneração passa a focar a qualidade do atendimento.

Diferença entre valor e mérito

médicos e médicas discutindo a remuneração baseada em valor

Para garantir a qualidade do atendimento, também é importante entender a diferença entre valor e mérito. O primeiro termo se refere à previsão de impacto da interação de um objeto com o cenário em que está inserido.

Por exemplo, a instituição de saúde agrega valor quando a assistência não gera danos ao paciente e promove a recuperação do nível de saúde, com uso racional dos recursos disponíveis e boa experiência do usuário.

Por sua vez, o mérito está relacionado à conformidade com determinados padrões. Por exemplo, alguns critérios intrínsecos são a avaliação de desempenho médico, o cumprimento de horários, o volume de atendimento, a adesão a protocolos e mais.

Por isso, o mérito é atribuído a um indivíduo e o valor é coletivo. Portanto, quando o modelo remuneratório médico é baseado em mérito, é avaliada a conformidade de cumprimento dos requisitos predeterminados.

Desafios para implementar a remuneração baseada em valor

Apesar de muitos países já implementarem um sistema remuneratório com base em valor, ele ainda sofre obstáculos no Brasil. Existem casos de sucesso, como o da operadora de saúde Vitallis.

Em junho de 2020, foi implementado um projeto piloto. Com mais de 360 mil beneficiários no Brasil, 5 mil empresas prestadoras de saúde, mais de 1 mil profissionais prestadores de saúde e mais de 1 mil funcionário, foram percebidas:

  • melhorias da qualidade assistencial;
  • diminuição da readmissão em 30 dias;
  • redução das internações por condições sensíveis à atenção primária (ICSAP).

Apesar disso, a ANS destaca que as operadoras de saúde cortam gastos, mas nem sempre observam a qualidade dos serviços. Com isso, é impossível gerar valor em saúde e oferecer o cuidado adequado durante a jornada clínica do paciente.

Dentro desse contexto, os principais desafios para a implementação da remuneração baseada em valor são:

  • resistência dos prestadores de serviços em relação a esse novo modelo de pagamento;
  • necessidade de capacitação dos profissionais;
  • existência de riscos na implantação de modelos inovadores sem organizar o sistema antes;
  • falta de sistemas de informação;
  • possibilidade de distorções devido aos modelos remuneratórios diferentes;
  • necessidade de estruturar um sistema de gestão dos serviços em saúde eficiente e organizado, com acompanhamento dos indicadores de saúde;
  • conhecimento baixo sobre o perfil epidemiológico e demográfico das populações, que geram dificuldade de riscos populacionais e distribuição geográfica;
  • inexistência de classificação clara dos hospitais;
  • necessidade de criar ou adaptar o uso da classificação baseada em diagnósticos.

Percebe-se que é necessário mudar tanto os processos estabelecidos no sistema de saúde quanto o modelo remuneratório, que deve ser baseado em valor. Para ter sucesso, o ideal é contar com o auxílio dos agentes prestadores de serviços — médicos, operadoras de saúde e hospitais.

Por isso, a ANS ainda recomenda que o ideal não é impor o modelo de remuneração aos profissionais que apresentam resistência. O indicado é mostrar os aspectos positivos e fazer testes que comprovem a eficiência e a redução dos desperdícios, que geram a entrega de valor em saúde.

Dicas para implementar a remuneração baseada em valor

A forma mais adequada de alcançar bons resultados é usar uma plataforma de gestão de saúde baseada em valor. Com essa solução, é possível melhorar a qualidade assistencial a partir do acerto em 4 alvos assistenciais:

Para efetivar esse trabalho, a plataforma deve coltar dados assistenciais e econômicos de qualidade. Os algoritmos do agrupador e a inteligência artificial reunirão as informações e farão predições assistenciais e econômicas. Como resultado, as equipes de saúde têm mais potencial de tomar decisões acertadas e entregar valor aos pacientes.

Nesse processo, a inteligência artificial também implementa a gestão de risco 4P, ou seja:

  • preditiva: indica o risco genético às doenças;
  • preventiva: trata da prevenção de doenças;
  • personalizada: considera que cada indivíduo é único;
  • participativa: inclui médico e paciente nas decisões tomadas.

Por meio dessa metodologia, todo o cuidado e a atenção são centrados no paciente. Ele participa do seu processo de melhora e se engaja no tratamento. Com isso, há redução e limitação dos riscos para garantir a entrega do valor em saúde.

Assim, fica claro que a remuneração baseada em valor é o melhor modelo para o sistema de saúde brasileiro. Por mais que seja uma transformação do cenário atual, vale a pena implementá-la para obter os resultados positivos futuros, que se resumem à entrega de valor.

Quer ver como esse novo formato faz a diferença? Baixe o case de modelo remuneratório médico baseado em valor e tenha mais informações práticas sobre os resultados alcançados.

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