A pandemia ocorrida em 2020 desencadeou um período de incertezas e enormes desafios nos sistemas de saúde, econômicos e sociais. Os impactos do coronavírus afetam praticamente o mundo todo, com efeitos gravíssimos em todos os países, inclusive o Brasil.
As implicações a curto prazo derivadas desse desafio global são evidentes em todos os lugares, mas as consequências a longo prazo da pandemia — ou seja, como ela vai remodelar as instituições, as ocupações e as prioridades em saúde e seu desenvolvimento — ainda são difíceis de imaginar.
Como deve ser esse cenário para os sistemas de saúde? É o que vamos discutir neste artigo. Acompanhe!
Os primeiros casos confirmados do novo coronavírus surgiram na cidade de Wuhan — capital da província de Hubei, na China —, no final de 2019. Depois disso, a COVID-19 se espalhou com rapidez e se disseminou por mais de 200 países. Com esse cenário, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou estado de pandemia em março de 2020.
A tendência em maio de 2020 ainda é de aumento sustentado do número de pessoas acometidas pela doença. As autoridades ainda não têm certeza sobre o tempo de duração da pandemia. Ainda assim, um estudo da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, ressalta os seguintes aspectos:
A OMS definiu o surto dessa doença como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Entre os impactos do coronavírus, uma série de medidas foi lançada para conter a elevada disseminação do microrganismo, por exemplo:
O isolamento social, embora absolutamente correto para a contenção da disseminação da doença, afeta a saúde econômica global. Há expressivos resultados negativos na indústria, no comércio e no sistema financeiro mundial.
Todas as áreas são diretamente afetadas pela interrupção das atividades em âmbito mundial. A recessão econômica global prevista para 2020 é estimada em 3%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os reflexos, obviamente, são gigantescos na sociedade brasileira. Isso acontece especialmente pela enorme desigualdade do País, já que os mais necessitados são ainda mais afetados nessa situação. Além da inevitável recessão, a desorganização administrativa pode acarretar um longo período de recuperação devido aos impactos do coronavírus.
No segmento da saúde suplementar, mais de 80% dos planos de saúde são empresariais. Com a recessão, pessoas estão perdendo seus empregos. A estimativa da taxa de desemprego é de 17,8% até o final de 2020.
Quanto maior a taxa de desemprego, menor o número de pessoas com planos empresariais. É pouco provável que essas pessoas migrem para planos individuais, que são praticamente inacessíveis no Brasil.
Em outras palavras, a saúde suplementar deve vivenciar longo período com maior nível de inadimplência, além da redução do número de usuários e da receita. Ainda é possível observar o encolhimento no número de operadoras ativas devido a fusões e aquisições por grandes empresas já verticalizadas.
Por sua vez, o segmento de saúde pública — SUS — é cronicamente subfinanciado e deverá sofrer os impactos do coronavírus a partir de dois fenômenos:
Os hospitais passam por um período especialmente difícil e sofrem os impactos do coronavírus. Com taxas de ocupação abaixo de 60%, devido ao adiamento e/ou o cancelamento de procedimentos eletivos, enfrentam o desafio do alto custo fixo de uma organização hospitalar.
Há a necessidade de contratar mais profissionais e gerenciar recursos críticos, como leitos de UTI, equipamentos de proteção individual, insumos e ventiladores mecânicos. Desse modo, é possível atender os pacientes acometidos pela COVID-19 com segurança. No entanto, esse cenário faz com que o aumento das despesas seja somado à redução das receitas.
Muitos médicos e demais profissionais de saúde têm sua renda principal derivada da sua atuação na atenção primária, como profissionais autônomos. Aqui, estão incluídos os atendimentos em ambulatórios, consultórios e clínicas.
Esses profissionais já sofrem os impactos do coronavírus no quesito financeiro, com perdas significativas de investimentos realizados devido ao cancelamento de consultas e procedimentos.
Por sua vez, os profissionais na linha de frente dos hospitais estão sujeitos ao risco direto de exposição ao novo coronavírus e ao alto índice de adoecimento físico e psicológico.
O componente mais sensível desse ecossistema é o paciente. Entre 20% e 30% das pessoas evoluem e apresentam a manifestação mais grave da COVID-19. Com isso, precisam de tratamento em regime de internação hospitalar — muitos em unidades de terapia intensiva.
Embora qualquer pessoa esteja sob risco de adquirir a COVID-19, tipicamente, os pacientes com manifestação grave da doença são:
Um dos impactos do coronavírus é, portanto, o medo que se instalou entre a população. Isso faz com que muitos pacientes com doenças crônicas suspendam o controle regular da doença e evitem comparecer aos ambulatórios com o temor de se expor ao vírus.
O movimento nas unidades de pronto atendimento também reduziu de maneira significativa. Um dos fatores foi o direcionamento aos hospitais dos pacientes com infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC) agudo em fase avançada. Com isso, perde-se a oportunidade para intervenção precoce.
Esse fenômeno, provavelmente, está levando ao aumento da morbidade e da mortalidade nesses casos. De forma perversa, o aumento da morbidade em doenças crônicas impõe maior sobrecarga em todo o sistema de saúde, com elevação de custos e da letalidade, além de graves consequências sociais.
Esses são os principais impactos do coronavírus, que afetam todos os envolvidos no sistema de saúde. O que achou da discussão? Compartilhe este texto nas suas redes sociais e debata esses efeitos com outras pessoas.
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